sexta-feira, novembro 11, 2011

~ Do que é feito o amor.


Perdeu-se no mar uma pequena embarcação, frágil, franzina e, sem direção. Com ela foi-se meu amor, tão lindo e vívido, sem nenhum temor. Por ele prometi esperar aqui, a beira do mar sempre a sorrir. Mas a bruxa do mar ondas mandou, que com fortes golpeadas minha juventude levou. Perdi para o tempo minha vida e fervor, sacrificados a espera de quem nunca retornou. Meus cabelos cor de sal voam na solidão, e meus pés estão fincados na areia do chão. Ganhei deste lugar uma forma de viver, escrava do solo, raiz vou ser. Sou a árvore eterna, submersa no mar, espero meu amor até depois de sarar. Hoje sou parte do ecossistema, dos corais, dos destroços, os poucos que a bruma mandou de volta ao meu encontro. Perdeu-se para o mar um grande amor, frágil e eterno, que a bruxa quebrou. Ganhou-se do mar uma forma de vida, destroçada e vegetativa, talvez melhor do que se esperaria.

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