quinta-feira, dezembro 23, 2010

~ O país das maravilhas.

“Que lugar estranho” eu pensei a cada instante que caminhei por todo aquele bosque. Nada desse lugar me era familiar, os pássaros eram estranhos, até mesmo a forma das folhas das árvores, caminhei tanto até que encontrei uma área completamente verde e exposta ao sol. Lá, bem no meio dessa enorme área tinha um tapete vermelho, com uma bolsa de piquenique e uma pequena menina, loirinha sentada a mexer na bolsa.

- Olá menina, poderia dizer-me onde estou? – Perguntei olhando ao redor.

- Claro senhor, mas só se aceitar sentar e fazer um piquenique comigo. – Disse a menina com um sorriso no rosto.

- Mas os seus pais não reclamarão por ter um estranho ao seu lado? – Perguntei confuso.

- Não senhor, meus pais não estão por aqui. – Respondeu a menina ainda sorrindo.

- E onde eles estão? – Perguntei ainda confuso.

- Lá em cima senhor, de onde eu vim. – Respondeu a menina mexendo na bolsa. – Vamos, sente-se.

- Você veio do céu? – Perguntei sentando-me ao lado da menina.

- Não senhor, eu cai em um buraco nas raízes de uma árvore. – Respondeu a menina.

- O que? Como pode? – Perguntei a menina.

- Simples senhor, eu estava seguindo um coelho que corria no jardim, de repente o perdi de vista e caí neste buraco. – Respondeu a menina virando-se para mim.

- Não será possível, seu nome é Alice? – Perguntei sem acreditar muito.

- Sim senhor. Me chamo Alice, e esse é o país das maravilhas. – Respondeu a menina sorrindo. – Agora, pegue seu sanduíche por favor.

Por um bom tempo fiquei sem acreditar, aquela história, eu a lia todas as noites para minha filha de quatro anos dormir e, agora eu era um personagem da história. Como eu caí dentro do livro de contos de fadas da minha filha? Eu estava confuso...

- Senhor, senhor, tenho que ir, tenho que encontrar a rainha branca. – Dizia a menina de pé a minha frente.

- Claro, me desculpe. – Levantei deixando que a menina recolhesse seu tapete vermelho.

- Não quer vir comigo? Acredito que a rainha possa mandá-lo de volta para casa. – Respondeu a menina erguendo a mão para o senhor.

- Mas e se ela não conseguir? – Perguntei.

- Ai você terá que fazer o mesmo percurso que eu faço para sair daqui. – Respondeu a menina.

Peguei a mão da menina e me levantei, caminhamos por muito tempo, até o sol se pôr. Alice me contava suas aventuras nesse país, contava dos amigos que tinha feito e dos inimigos também, mas é claro, eu sabia de tudo. Finalmente chegamos ao castelo da rainha branca, ela nos esperava ansiosamente.

- Alice, quem é seu amigo? – Perguntou a rainha.

- É um senhor que encontrei lá na campina aberta. – Respondeu Alice.

- Olá majestade, me chamo João. – Respondi fazendo reverência.

- Oh nobre senhor, não precisa de reverência, se é amigo da pequena Alice, sou sua amiga também. – Respondeu a rainha com um belo sorriso. – Entrem por favor.

Fiquei dias no castelo da rainha branca em companhia de Alice, naquele país nada era maravilha, tudo era estranho e confuso. Uma bela manhã, a rainha me chamou sorridente e me disse que tinha o que eu precisava para voltar para casa, fiquei feliz ao receber a notícia, mas não pude evitar de me sentir aflito por deixar Alice ali.

- João, volte com Alice a campinha aberta e assim que puder, tome essa poção. – Disse a rainha.

- Assim voltarei para casa? – Perguntei ansioso.

- Sim. – Disse a rainha sorridente.

No dia seguinte voltei com Alice à campina onde nos conhecemos, fizemos piquenique naquele mesmo tapete vermelho, comendo sanduíches de atum preparados por Alice.

- Senhor, espero que tenha uma boa viagem. – Disse Alice.

- Querida Alice, não gostaria de partir e deixá-la aqui. – Respondi.

- Mas não posso ir senhor, em seu mundo eu não existo. – Respondeu Alice com um sorriso. – Mas me prometa que sempre vai ler esta história, e vai lembrar de mim e todos que aqui conheceu.

- Prometo sim Alice. – Respondi com um terno sorriso.

Alice me ofereceu um copo com água, brindamos e eu tomei. “Hã, onde estou?” Me perguntei agoniado, toquei meu corpo, eu estava vivo, olhei ao redor, era o quarto da minha filha, então a poção dada pela rainha realmente funcionava. Ou tudo tinha sido um pesadelo?

- Papai, que bom que acordou, o senhor dormiu desde as duas horas da tarde. – Dizia minha filha me abraçando.

- Desculpe-me filha, papai estava cansado do trabalho. – Respondi abraçando-a.

- O senhor vai terminar de ler Alice para mim? – Perguntou minha filha com um enorme sorriso nos lábios.

- Sim filha, sente-se e vamos começar. – Respondi pegando o livro na mesa de cabeceira.

(Atrás da porta do armário da filha de João)

- Rainha branca, acha que ele pensará que foi tudo realmente um pesadelo? – Perguntava Alice.

- Não sei pequena Alice, mas espero que ele pense que foi um lindo sonho. – Disse a rainha. – Agora vamos, ele chegou em segurança.

No meio da leitura para minha filha, senti uma alguém me olhando, procurei não me mexer, até que entendi de onde vinham os olhares, vinham do armário da minha filha, olhe rapidamente e não vi nada, não encontrei nada. “Deve ter sido vestígios do pesadelo”, pensei arduamente, “Ou até tenha sido verdade”, continuei a pensar. Quando minha filha dormiu, a cobri e guardei o livro, fechei a porta do seu armário e apaguei as luzes. “ Cuide bem dos sonhos dela, Alice.”

Pauta para o Bloínquês, 8ª edição roteiro.

3 comentários:

  1. Gostei do texto!
    Uma mistura de histórias que ficou ótima, bem criativa!

    Beijos, Dreams.

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  2. Ei , tem uma coisa especial pra vc lá no meu blog
    http://thaynaadami-very.blogspot.com/2010/12/mais-um.html
    Olha láaa.
    com carinho .
    Tháaa.

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  3. * VOCÊ FOI INDICADO NA CATEGORIA MELHOR BLOG PARCEIRO DO PRÊMIO PO 2011*

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