domingo, julho 24, 2011

~ As memórias de uma mãe.


Há muito tempo atrás, ou nem tanto tempo assim, na verdade há exatos vinte e um anos, eu tive uma filha, uma linda filha, de um casamento por interesse, mas ela deveria ter me feito esquecer tudo isso, só que não fez. Nunca fui uma mãe presente de ir a reuniões da escola para saber dela, nunca fui a uma festa de dia das mães, nunca dei um presente de aniversário se quer, fui e sou uma terrível mãe. Entretanto, hoje vejo minha filha ai, uma bela mulher e determinada, que corre atrás de tudo que sonha e deseja, bem sucedida nos negócios porém, triste, solitária, abandonada.

- Mãe? – Perguntava ela da porta.

- Oi Júlia, o que procura? – Perguntei sentada na minha mesa de leitura.

- Nada, só queria realmente conversar com você. – Disse ela com a cabeça na brecha da porta.

- Pois bem, entre. – Respondi fechando meu diário e retirando meus óculos.

- Mãe, eu só queria... – Ela falava quando a interrompi.

- Direto ao ponto. – Eu lhe disse.

- Então, ganhei o prêmio de arquiteta mais jovem do ano, queria que você estivesse lá no dia da premiação, mais a senhora se recusou. Sabe, não entendo até hoje porque a senhora é assim, nenhuma mãe é assim mãe, mas a senhora fez e faz questão de ser. – Dizia ela me encarando duramente.

- Júlia, eu engravidei de você jovem, e o pior é que você é fruto de um casamento ao qual estou presa por interesse filha, eu não quero essa vida para você. – Falei cruzando as pernas.

- Pode ficar certa de que não terei essa sua vida. – Respondeu ela levantando-se do sofá e saindo pela porta por onde tinha entrado.

As palavras perfeitas nunca passaram pela minha mente até aquele momento, minha filha era incrível da maneira que era, ela cresceu mesmo sem uma mãe ao seu lado, sabia lutar e caminhar, se tornou uma mulher independente e linda. Algum dia eu sabia que teria que entregar meu diário a ela para que ela entendesse tudo, soubesse que a amo, apesar de não saber dar carinho a ela ou como realmente deveria amá-la. Bom, o passado não se pode mudar e infelizmente, meu futuro também está condenado, mais se eu puder ainda fazer algo, vou salvar o futuro da minha filha.

- 78ª edição musical.

+ Pauta para o Bloínquês.

Um comentário:

  1. Uma linda historia amiga.
    Parabéns.. São momentos que nos reportamos para fatos que mexem conosco, não é mesmo. a vida tem grandes Lições.
    AQUI ESTAMOS COM O CORAÇÃO CHEIO DE ESPERANÇA.
    PARTICIPANDO DA 79ª EDIÇÃO VISUAL..
    INTERAÇÃO DE AMIGOS
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/2011/07/coletivaeu-e-o-espelho.html
    CARINHOSAMENTE
    SANDRA

    ResponderExcluir