segunda-feira, julho 26, 2010

~ O sótão das lembranças.

Minha história começa sentada diante desta janela olhando a chuva cair, e que chuva forte achou de vir nessa sexta-feira, literalmente era um dia para ficar em casa debaixo das cobertas, porém ficar sem fazer nada nunca foi meu forte, sempre gostei da agitação, mais eu tinha de me contentar com um dia dentro de casa.

- Stephany! - Chamava meu pai a beira da escada.
- Oi pai. - Respondi levantando-me da cadeira.
- Que me ajudar com o sótão?- Perguntou ele em pé diante da porta do meu quarto.
- Claro pai. - Respondi sorridente, afinal não iria ficar sem fazer nada dentro de casa.

Peguei dos caixas vazias no corredor que dava para o sótão e fui atrás do meu pai, estava tudo escuro e eu espirrava constantemente, quando finalmente meu pai encontrou a luz e a acendeu pude notar a bagunça do lugar e a poeira, em grande quantidade por sinal, que me fizera espirrar.

- Nossa pai, isso aqui está realmente sujo. - Disse diante da vista do sótão.
- Pois é, depois de anos sem ser limpado era de se esperar. - Respondeu meu pai colocando as caixas que ele carregara no chão. - Bom, comece varrendo o sótão que eu vou colocar nessas caixas o que vamos descartar.
- Certo. - Respondi com a vassoura a mão.

Três horas, três horas varrendo um sótão, eu não imaginava o quanto era cansativo fazer limpeza em casa, afinal eu tinha apenas 10 anos na época, mas enfim havia terminado de varrer toda a extensão do sótão e agora, ajudava meu pai com as coisas que iriam para as caixas que antes estavam vazias. Porém, a curiosidade me consumia por demasiado, tudo isso porque quando varria o lugar havia visto uma caixa no lado mais escurro do sótão, uma caixa um tanto evelhecida pelo tempo que passara ali, ela estava em baixo dos travesseiros antigos que meu havia dito que jogaria fora, mas que agora eu pude ver que ele havia colocado no velho sótão de nossa casa. Minha curiosidade foi tanta que esqueci do meu pai e fui pegar a caixa, ao abrí-la respirei um pouco, mais nem os espirros matariam minha curiosidade tão árdua, quando consegui respirar novamente olhei fixadamente para dentro da caixa e encontrei cartas empoeiradas, álbuns de fotos envelhecidos e até alguns objetos como brincos antigos, alguns estavam tão enferrujados que quebravam quando eu passava a mão.

- Stephany, cuidado você pode se machucar filha. - Dizia meu pai vindo em minha direção. - Nossa, faz tanto tempo que essa caixa está aqui. - Disse ele sentando-se ao meu lado.
- Era da mamãe? - Perguntei deslumbrada com o que havia encontrado.
- Sim, lamento que você não a tenha conhecido, vocês seriam grandes amigas. - Disse-me ele pagando o álbum de fotografia mais próximo dele - Essas fotos aqui...- Apontava ele - São dela quando estava grávida de você, ela ficou tão feliz ao saber que seria mãe, tudo que ela dizia era que você seria linda e muito amada por ela, é uma pena que ela não tenha vista o quão linda você se tornou. - Dizia ele passando a mão sobre a foto empoeirada.
- E essas cartas pai? - Perguntei pegando o amontoado de cartas presentes dentro da caixa.
- Essas primeiras que você tem em mãos são da época que ela viajou para Santa Catarina, ela me escrevia toda semana me dizendo como eram os seus dias e as pessoas que conhecera por lá. - Contava ele abrindo as cartas envelhecidas. - " Querido João, estou morrendo de saudades de você..." - Releu ele uma parte da carta que havia aberto. - Agora eu que sinto saudades querida.
- Pai, me ajuda com isso aqui. - Falei arfando.
- Solte que eu retiro para você. - Disse ele aproximando-se da caixa.

De dentro da caixa empoeirada e velha meu pai tirou uma caixa um pouco menor, que suponho ter sido branca quando era nova, e como era de se esperar eu espirrei assim que ele assoprou sua tampa. Meu pai colocou a caixa no chão e a abrui com cuidado.

- Que cheiro de môfo. - Falei tapando o nariz.
- Pensei que ela tivesse dado fim a isso. - Disse meu pai retirando um vestido amarelado da caixa.
- É um vestido de noiva? - Perguntei com a voz fanha.
- Sim, foi o vestido que ela usou no nosso casamento, ela dizia que você o usaria no seu casamento e que ela a ajudaria a se vestir. - Respondeu ele.
- Eu a queria aqui agora. - Falei abraçando o que seria meu vestido.
- Eu também minha criança, eu também. - Disse meu pai abraçando-me. - Está ouvindo? - Perguntou-me ele.
- O que? Não ouço nada. - Respondi tentando ouvir algum som que fosse.
- Por isso mesmo minha filha, parou de chover, pode ir brincar lá fora agora, eu termino tudo aqui. - Disse meu pai recolocando todas suas lembranças da minha mãe na caixa.
- Pai, me deixa ficar com o álbum que o senhor me mostrou? - Perguntei esperando ouvir um não de imediato.
- Leve, você o merece mais que esse sótão. - Respondeu ele colocando o álbum em minhas mãos descrentes.
- Obrigada pai. - Falei agarrando o álbum sorrindo e desci do sótão.

Ao chegar em meu quarto olhei pela janela e vi que realmente a chuva havia parado, mas agora eu não queria sair para brincar, eu não queria fazer nada se não olhar o álbum da minha mãe, então sentei na cama, praticamente mergulhei nela com tanta felicidade, e comecei a passar as páginas repletas de fotos até que adormeci, no sono mais lindo que tive em todos os meus anos de vida, o sono em que pude sonhar, pela primeira vez com o rosto da minha linda mãe.

Pauta para o Bloínquês
+ Edição visual

4 comentários:

  1. Que história linda *_*
    Eu queria ter um porão droga,AHAHHAAHAH.Todos têm,porque eu não tenho? INJUSTIÇA,INJUSTIÇA.ahahahahah!
    Brincadeira (:

    Mas eu ameeeei o conto,lindo de morrer *_*
    -

    Beeijinhos!

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  2. Aii.. muito lindo..
    eu amo tanto minha maezinha.. não sei o que seria de mim sem ela ..
    Muito lindinho seu conto.. *------*
    -----------------------------------------------
    E que bom que gostou do meu textinho.. fico feliz ^^'
    Obrigada pela visita e pelo comentario tah..
    Voolte sempree.
    beijos, beijos.

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  3. meus textos ja foram melhores,quando eu tinha a inspiração que devia

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  4. Que lindo!
    A chuva sempre vem se nem avisar, e para inesperadamente!
    Adorei aqui menina, obrigada pelo lindo comentário, estou seguindo.

    abraços

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