quinta-feira, julho 22, 2010

~ Eu não sei o que faria sem você.


- Alô? Alô?
- Cal, eu preciso falar com você, da pra você me encontrar no café da esquina?
- Claro Iza, eu dou um jeito.
- Estou te esperando.

E foi assim que desliguei o telefone, calma enquanto falava com ele, mas aos prantos que tive que desligar. Como contaria tudo que havia acontecido? Como diria a Cal, meu amigo de anos que minha vida estava virando de cabeça para baixo? Entrei no café da esquina da casa dele e me senti na mesa que me deixava de frente para a porta de entrada, pedi um pequeno café com leite, mas não toquei meus lábios na xícara para tomá-lo, apenas fiquei esperando, esperando e esperando... Em menos de um minuto Cal estava a porta, olhou de um lado para o outro até encontrar meu olhar a sua frente, inicialmente ele havia sorrido, mas quando notou minhas lágrimas seu sorriso se dissolveu e o desespero tomou conta dele, que veio em minha direção no mesmo momento.

- Iza, o que houve? Por que você está assim?
- Cal, eu tenho... eu tenho que te contar, você tem que me ajudar...
- Calma, com calma me conte tudo.

Aos soluços as palavras saíram de minha boca, jogadas como se um trator fosse passar por cima de mim naquele exato momento...

- Cal, lembra que eu estava namorando o Bruno da rua 15?
- Sim lembro, mas o que isso tem haver Iza?
- Ontem, eu me senti um pouco estranha e descobri... descobri...
- Descobriu o que Iza?
- Que estou grávia Cal - comecei a chorar novamente e ele como que por um impulso, colocou sua cadeira ao lado da minha e me abraçou - Contei para minha mãe e ela disse que me ajudaria, mas meu pai me colocou para fora de casa e quando contei ao Bruno ele disse que não assumiria, que fiz de propósito para prendê-lo em um casamento que ele não queria.
- Como ele pôde dizer isso? Eu vou acabar com a vida dele.
- Não Cal, por favor não, ele tem seus erros, mas eu quero essa criança, quero cuidar dela, por favor me ajude.

Por um momento ele me olhou discrente de tudo, eu achei que ele iria me abandonar assim como todos fizeram, mas ele me abraçou mais forte e começou a chorar juntamente comigo...

- Claro que ajudo Iza, você é minha melhor amiga de anos, sempre segurou meus pepinos quando precisei, quando estava sem emprego, quando engravidei a Vivi, quando me separei dela e quando lutei pela guarda do meu filho.
- Obrigada Cal, eu não sei o que seria de mim sem você agora.
- Darei meu nome a seu filho, ele agora seu meu filho, mas quero que ele saiba de tudo quando tiver idade para entender.
- Tudo bem eu conto tudo.

Voltei a chorar e o abracei tão forte quanto minha força me ajudou, nunca pensei que aquele amigo me daria essa força, fosse capaz de tanto por mim. Um amigo que assim que conheci achei que não seria nada além da escola, até que com nossos 18 anos tomamos o nosso primeiro porre, aos 19 anos contamos um ao outro nossa primeira vez, aos 20 anos o ajudei a arrumar um emprego e ofereci abrigo em minha casa, aos 21 anos fui mais que amiga quando ele chegou me dizendo que havia engravidado sua namorada e que iria casar, e nesse casamento fui madrinha e hoje sou madrinha do seu filho de 2 anos, e serei mãe, de uma criança que meu melhor amigo irá assumir, um amigo que nunca terei igual, meu amigo, meu mais que amigo, meu irmão.

Pauta para: Sílaba Tônica
+ Imagem com frase - 8ª edição

Um comentário:

  1. Eu nunca pensei que o decorrer da história ia me prender tanto... passei o dia lendo blog's e vou dizer que dentre tantos,esse texto foi o que mais me interessou. -Cara, quando passamos por essas coisas é quando percebemos que ser da família não importa nada quando temos amigos que nos ajudam não por obrigação, mas por pura gratidão... Lindo. Parabéns

    ResponderExcluir