segunda-feira, abril 04, 2011

~ Madura e Incontestável.

Desde menino me pergunto por que as mulheres são tão impulsivas. Sempre quando andava com minha mãe pela rua, olhava sem entender nada, o que não mudou muito por sinal, mais agora eu posso dizer que já analisei todos os tipos de mulheres, quer dizer, eu pensei que tinha analisado. Aos dez anos, vi uma mulher tentar se atirar da ponte que liga a minha cidade a vizinha, mas quando estava pendurada pedindo socorro gritava dizendo que não queria morrer; outra por brigar com o namorado deu um tiro na própria barriga, mas acho que de tanto azar ela não morreu, ficou paraplégica; outras bebem para afogar as mágoas e claro, a minha mãe toma um pote de sorvete a cada vez que briga com algum namorado, dois minutos depois reclama que está gorda, ela também cozinha bolos quando está triste, mas nunca me atrevi a dizer a ela que ficam melhores quando ela está realmente deprimida e para não dizer que ela é apenas tristeza, quando ela está feliz faz um almoço daqueles pra mim, é, cada uma com seu instinto.

Bom, depois de ter pensado que entendia todas as mulheres malucas desse mundo, sei na estação do trem que fica a 2 km da minha casa, esperando-o como todos os dias para ir trabalhar, parece que nesse dia ele estava atrasado. Olhei para o relógio várias vezes e nada daquele bendito trem, até que lá longe eu vi uma mulher carregando uma mala, ela estava vestida de vermelho, ou será rosa? Não sei, estava longe demais para saber, ela parou bem a beira do trilho, pegou um pedaço de pano enorme, parecia até um véu de noiva e, amarrou nos olhos. Fiquei pensando o que aquela maluca iria fazer, ela sentou-se em cima de sua mala, esperou algumas horas, assim como eu e de repente lá vem o trem, fiquei esperando que ele parasse para que pudesse entrar, mais a mulher não, ela entrou nos trilhos e ficou ali parada, fiquei olhando atentamente esperando que ela se movesse, o que logicamente não aconteceu vindo de uma mulher uma atitude suicida com essa. O maquinista buzinou, mais ela continuou ali na frente, não sei se por sorte ou azar, mas o local onde ela se encontrava de pé era justamente o caminho do meio para o trem, rapidamente então, o maquinista entrou no desvio do lado direito e sem muita demora, parou o trem e desceu reclamando...

- Está maluca moça, quer morrer por acaso? – Berrava o maquinista.

- Seria até melhor moço, pelo menos assim acho que não causaria tanto ódio nas pessoas. – Respondeu a moça.

- Do que está falando? Ninguém merece a morte por qualquer coisa que seja. – Disse o maquinista.

- Eu mereço. – Respondeu a moça.

- Desculpe a intromissão, mas não pude deixar de ouvir o que diziam e nem de ver o que vi. – Me intrometi na conversa da moça com o maquinista. – O que a senhorita fez de tão grave? – Perguntei até curioso.

- Eu estava de casamento marcado, até que na porta da igreja percebi que não queria mais aquilo, peguei minha mala e fugi. – Respondeu a moça sentando-se nos trilhos.

- Não seria mais fácil apenas dizer “não”? – Perguntei.

- Não sei, não tentei. – Respondeu ela retirando o véu de seus olhos.

Os olhos da moça eram castanhos esverdeados, cheios de impulsos, repleto de medo e ansiedades, a moça era linda, o maquinista preocupado e eu, bem, eu era o maluco intrometido...

- Bem moça, já vi muitas loucuras de mulheres por homens, por empregos e outras coisas. Mais nunca tinha visto uma loucura de alguém que tinha tudo e queria nada. – Falei abismado.

- Pois é rapaz, as mulheres são imprevisíveis, jamais acredite cegamente em uma, um dia ela pode te jogar no trilho do trem. – Respondeu a moça. – Maquinista, tem lugar para mais um? – Perguntou ela.

- Depende para onde a moça quer ir. – Respondeu o maquinista.

- Para tão tão distante daqui. – Respondeu ela.

- Então bem-vinda a bordo. – Disse o maquinista ajudando-a a subir.

Não tinha mais nada o que ser dito, as mulheres eram imprevisíveis, cada uma com sua reação, seu impulso e atitude, cada uma com seu coração, sua razão e virtudes, cada uma com tudo e querendo um nada. Mulheres, mulheres, loucas e insanas porém, maduras e incontestáveis, será que um dia serei capaz de entender todas as loucuras delas? Espero que sim, ou até quem sabe não.

+ Pauta para o

Bloínquês

- 18ª edição roteiro

3 comentários:

  1. Ai meu Deus. Espero que não, senão estaremos todas perdidas KKKK (n). Que texto lindo! Eu achei impressionante o modo como ela descobriu que não queria nada daquilo. Ter tudo e não querer nada - ou não ter nada e querer tudo - é tão típico e tão humano. Adorei, espero que ganhes *-*

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  2. Olha, gostei do texto. Faltou pontuação, as frases estão um pouco compridas, e há uns pequenos erros. Mas há muita criatividade no texto, e é bem legal ver a opinião masculina sobre nós mulheres - que somos bem loucas mesmo, né? A imagem foi bem explorada, e devo parabenizar-lhe por isso, e a história foi criativa, e os diálogos foram bons. Só essa falta de pontuação às vezes, mas em suma, teu texto foi ótimo, parabéns! Seja bem-vinda sempre na Edição Roteiro, beijão! A sua nota e o resultado estão na comunidade do Bloínquês, e logo mais estarão no blog. Beijos!

    Avaliação Roteiro - Projeto Bloínquês.

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  3. gostei muito do texto.
    Foi inspirado em que ou tirado de onde?
    achei incrível!
    =]

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